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As lições que chegam do Villa Michelon, um hotel de 20 anos encravado no Vale dos Vinhedos


Fotos: Divulgação Villa Michelon

Com 20 anos de existência, o Hotel Villa Michelon é referência para quem quer empreender no turismo. Em 2001, quando Moysés Michelon o inaugurou, a filha, Elaine Michelon, estava ao lado dele. E até hoje segue administrando o negócio, um dos legados que seu pai deixou no turismo de Bento Gonçalves. Além de ter sido um dos pioneiros a se instalar no Vale dos Vinhedos, basta dizer que Moysés foi o primeiro presidente da Fenavinho para dar uma ideia do que ele construiu.

Elaine sempre esteve ao lado do pai, que faleceu em 2017. Conversamos com ela para buscar algumas lições de empreendedorismo, já que ela empreendeu no Vale dos Vinhedos quando o roteiro tinha poucas vinícolas e apenas um restaurante, sobreviveu à pandemia sem dispensar nenhum dos 52 colaboradores e teve muitos aprendizados em duas décadas de atuação no setor turístico. “Quando pensou em abrir o hotel, o meu pai falou que a Ford e a Chevrolet iam se instalar no Rio Grande do Sul e os empresários iam precisar de duas coisas: lugar para descansar e fazer eventos. Por isso, desde a concepção, o Villa Michelon nasceu também com o foco corporativo”, conta ela.

Elaine refere-se a 1999, quando Moysés começou a projetar o hotel. Foi ela quem encontrou a área de 23 hectares onde foram erguidos os 6,6 mil metros quadrados do Villa Michelon. O Centro de Eventos foi a forma encontrada para manter a estrutura nos dias de semana, e até hoje é assim. “Temos sete salas que podem se transformar em três grandes. Recebemos eventos maiores e também pequenos, incluindo reuniões para 20 a 25 pessoas”, conta. Essa é a primeira lição: apenas com o movimento dos finais de semana, o negócio não se sustenta.

A segunda é encontrar uma vocação clara, que o diferencie, e apostar nela. No caso do Villa Michelon, são as famílias com crianças. A área tem quatro hectares de mata nativa, de preservação permanente, e muitos atrativos ao ar livre. Um dos destaques é a Fazendinha, alegria da criançada. “Em 2001, já inauguramos com esse foco. Ver uma criança encostar em uma galinha, colher uma fruta no pé é uma alegria pra mim. Eu tive isso na minha infância e muitas crianças não têm. Meu pai dizia que temos que sonhar e realizar. O hotel era o delírio dele, essa parte externa é o meu”, acrescenta a empresária. A conexão dela com as crianças que se hospedam no Villa Michelon é tanta, que hoje algumas viraram adultos e foram ao hotel lhe apresentar os filhos. “A criança é o cliente do futuro”. Mais uma lição dada.

E a pandemia? “Foi a primeira vez que o hotel ficou sem hóspede em 20 anos. Tinham dois gatos, de manhã ficava o meu gerente e eu assumia das 12h às 19h. Passávamos o dia todo devolvendo dinheiro para hóspedes”. A frase, pesada, deve-se à decisão de Elaine, já há alguns anos, de cobrar 100% da hospedagem de forma antecipada. “Tive muito prejuízo com pessoas que cancelavam. A gente aprende”. Quando ela e o gerente não estavam, havia um guarda, porque, acredite, o Villa Michelon não tem chave na porta. “O hotel nunca fecha, eu nem tinha como trancar. Ele ficou oco, os corredores tinham eco. Não havia uma criança chorando, um casal comemorando, ninguém”. Na entrevista, fica clara a mudança no tom de voz ao falar de um período tão duro. Elaine respira e continua. “Nós estávamos guardando dinheiro para fazer uma reforma, então eu tinha gordura e paguei todo mundo para ficar em casa. Uma das maiores dificuldades de um empreendedor é montar uma equipe boa. Nós atendemos como uma família aqui, encantamos os visitantes, eu não podia perder essas pessoas”. Mais uma lição.

Centro de Eventos

E, em seguida, Elaine já emenda outra: “Você não pode gastar tudo. Tínhamos a reserva para a reforma e isso me possibilitou segurar os meses de prejuízo. Agora, estamos começando a guardar de novo”. Os hóspedes voltaram, ela sente a retomada e faz questão de manter todos os protocolos de segurança. Investe em divulgação e tem dois executivos de contas trabalhando com vendas. Além disso, faz eventos que dão muito resultado para atrair hóspedes. E ao falar do restaurante que ocupa um prédio na frente e das aventuras oferecidas ao ar livre, deixa um último ensinamento: “O que você não é bom, não faça, encontre um parceiro”. O Villa Michelon tem os seus e com eles também tudo foi negociado na pandemia. Elaine não queria perdê-los. “Foi muito difícil, mas eu sabia que os hóspedes iam voltar”. As reservas para os eventos da vindima e do Carnaval já estão chegando, a ocupação está crescendo e a reforma em breve deve sair.

Desses 20 anos, 10 foram para recuperar o investimento, mais do que Elaine esperava. Os 10 seguintes tiveram uma pandemia no caminho, mas deu tudo certo no final. “Há muitas agruras no caminho de um empresário, mas a gente sobrevive”. Com 20 anos de idade, o Villa Michelon segue amalgamado à linda paisagem do Vale dos Vinhedos para provar que ela está certa.




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